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Objetivos Justificativas Metodologia

Objetivos

Geral:

Desenvolver parametrizações de solos na área do Mercosul visando a sua utilização em modelos de previsão de umidade do solo.

Específicos:

- Aplicar modelos de umidade do solo na área do Mercosul.
- Examinar o impacto da parametrização mais realista da umidade do solo sobre a previsão de tempo.

Justificativas

A disponibilidade de água no solo é um dado básico para a estimativa dos efeitos das secas sobre a queda do rendimento agrícola. O conhecimento da quantidade de água no solo é uma informação fundamental no planejamento das atividades agrícolas, no sentido de uma melhor definição das datas de plantio, necessidade de irrigação, produtividade agrícola e eleição do tipo de cultura mais adequada ao clima regional. O conhecimento da disponibilidade hídrica é de particular importância naquelas regiões onde a variabilidade interanual e sazonal das chuvas tem forte impacto sobre a agricultura. Da mesma forma, o excesso de umidade do solo durante a ocorrência de enchentes também provoca quedas na produtividade. Apesar da importância de informação sobre disponibilidade hídrica, não existem medições regulares e contínuas no tempo e espaço desse parâmetro.

Por outro lado, a representação da variação temporal e espacial de umidade do solo em modelos atmosféricos é muito limitada. A inicialização da umidade do solo é baseada em valores climatológicos, de baixa resolução espacial e resultante da simulação de modelos atmosféricos (por exemplo, Mintz e Serafini, 1992). Esses valores geralmente são bem diferentes das observações, particularmente nos trópicos, devido às limitações na parametrização dos processos hidrológicos, o que impede capturar a variabilidade interanual da umidade do solo (Robock et al. 1998). Estudos numéricos e observacionais mostram uma forte interação entre a umidade no solo e os processos atmosféricos. Baseados em dados de campo, Entekhabi et al.(1996) mostraram que essas interações podem ter lugar ao longo de todas as escalas temporais e espaciais. A inter-relação entre a umidade no solo e a atmosfera se manifesta nas trocas de matéria e energia que ocorrem entre a superfície e a atmosfera. O calor gerado na superfície pela forçante radiativa é dissipado pelo fluxo turbulento e pela radiação térmica. A partição entre ambos os mecanismos depende da temperatura da superfície e da estabilidade estática do ar próximo à mesma. Ambos os mecanismos são influenciados pela disponibilidade de umidade no solo. Por outro lado, o fluxo turbulento se subdivide em fluxo de calor sensível e latente. Novamente, a partição relativa de ambos componentes é fortemente dependente da disponibilidade de água no solo. A umidade no solo também afeta o albedo na superfície, alterando o balanço de radiação. Castelli et al. (1996) analisam o rol da umidade no solo na frontogênese, e mostram que a umidade no solo afeta a distribuição e intensidade dos campos de precipitação, e que essa interação constitui um mecanismo de retro-alimentação positivo, isto é, a inter-relação entre a atmosfera e a umidade no solo tende a reforçar os gradientes de precipitação no espaço. Em outro estudo, Betts et al. (1996) concluíram que a umidade do solo, em conjunto com a temperatura do solo, constitui uma condição de contorno de longo prazo similar à TSM nos oceanos.

Metodologia:

O INPE já realiza regularmente estimativa de água no solo na área de atuação da Sudene (Souza et al. 2001), e de um modo experimental com menor resolução, em todo o território brasileiro. As estimativas de água no solo baseiam-se na integração de informação pedológicas e meteorológicas. As informações básicas de solo são obtidas a partir dos dados pedológicos de levantamentos de solos da Embrapa e do Radam Brasil já existentes. Nesses levantamentos, os solos foram amostrados determinando a profundidade dos horizontes, o tipo de solo, tipo de vegetação, etc. Para cada horizonte foram executadas análises físicas (textura, estrutura, etc.) e químicas (matéria orgânica, macro e micro-nutrientes, carbono, etc.). Utilizando funções de pedo-transferência (Tomasella et al., 2005), os atributos geofísicos do solo podem ser transformados em parâmetros necessários para modelos de simulação de água no solo.

A segunda informação integrada são os dados meteorológicos. Informações meteorológicas amostradas pela rede de plataforma de coleta de dados do INPE e dados da rede sinótica do INMET permitem a estimativa de um parâmetro importante para a disponibilidade hídrica denominada evapotranspiração usando o modelo de Penman-Monteith (Monteith, 1965). Os dados necessários à aplicação deste modelo são, pelo menos, radiação global incidente, temperatura e umidade relativa do ar, velocidade do vento e pressão. Como a rede sinótica do INMET não dispõe de sensores de radiação, são utilizadas estimativas de radiação diárias derivadas de sensores GOES através do modelo de Ceballos e Moura (1997).

A precipitação diária é obtida utilizando a versão 6 do produto 3B42 do TRMM (http://daac.gsfc.nasa.gov/precipitation/TRMM_README/TRMM_3B42_readme.shtml) junto com informação de precipitação observada em pluviômetros coletada de diferentes fontes de dados e integrada pelo INPE. As observações são agrupadas de acordo com as células definidas pela resolução dos dados TRMM (0,25ºx0,25º). O valor médio das observações em cada célula é utilizado para calcular o erro das estimativas de precipitação em este ponto. Utilizando uma interpolação linear são obtidos os valores do erro em cada ponto da grade, a partir das diferenças estimadas. No processo são levados em consideração os pontos onde o 3B42 estima não ter precipitação, com o objetivo de manter a distribuição espacial da mesma.

A evapotranspiração, junto com a precipitação, permite o cálculo do balanço de água no solo, que é um indicativo da disponibilidade hídrica no solo usando a metodologia descrita em Souza et al. (2001). A modo de exemplo, a figura 2 apresenta as estimativas da condição de água no solo no período 17-20 de janeiro de 2003, em que aconteceu um episódio do jato. De um modo geral as figuras mostram de que a condição de umidade do solo estava muito favorável no Sul da Amazônia no momento do jato, enquanto que o sul do país apresentava deficiência de água no solo.

Recentemente, no âmbito do projeto Fapesp Projeto Temático nº 2001/13816-1 “COMPONENTE BRASILEIRA DO EXPERIMENTO DE CAMPO DO JATO DE BAIXOS NÍVEIS A LESTE DOS ANDES: INTERAÇÕES EM MESO E GRANDE ENTRE AS BACIAS AMAZÔNICA E DO PRATA” financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp, e através da rede construída no Projeto IA-CRN 055, os integrantes desta proposta iniciaram os primeiros esforços da construção de uma base de dados de solo integradas para a utilização de modelos de umidade do solo. Especificamente, nesta atividade procurou-se identificar se a ocorrência do episódios do jato estava associada a determinados padrões de umidade do solo.

 


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